terça-feira, 22 de setembro de 2015

Hermann Hesse para desorientados - A Natureza nos acolhe


Todo ser humano precisa retomar essa tranquilidade essencial, sair do mundo por alguns instantes e estar a sós consigo mesmo, confortado pela natureza. Também se pode entrar em contato com ela através do diálogo criativo. Por exemplo, por meio da jardinagem, uma atividade a que o próprio Hesse se entregou de corpo e alma durante boa parte da vida. A jardinagem é uma terapia muito poderosa para reduzir o estresse e a ansiedade. Em alguns centros de tratamento recomendam o cultivo da terra para pessoas com deficiência ou em processo de reabilitação.

Ao cuidar do jardim, detemos o pensamento enquanto nossa atenção é voltada para a vida que se desenvolve diante dos nossos olhos. Aprendemos sobre as plantas, entramos em comunhão com elas e assumimos seu ritmo, sem exigências nem expectativas.
Há estudos que indicam que o cuidado com as plantas eleva a autoestima, favorece  o relaxamento e, sem dúvida, ajuda a obter um tônus físico melhor, tanto pelo exercício suave como pelo fato de estar ao ar livre.

Por outro lado, cuidar de algo que não seja nós mesmos traz um grande benefício espiritual. Ajudamos a natureza a prosperar e de algum modo crescemos com ela, já que nos concentramos em um objetivo pequeno, concreto, onde a observação, e não a ação, é o mais importante.

As plantas têm o seu ritmo, e a pessoa que cuida delas aprende a respeitá-lo e a integrá-lo em sua vida. Há muito o que aprender com um jardim em crescimento, pois seu estado e os cuidados que lhe dispensamos são um reflexo de nosso jardim interior. Talvez a lição seja simples assim: quem é capaz de cuidar de seu jardim também pode cuidar de si mesmo.

Percy, Allan, 1968- Hermann Hesse para desorientados:  : Sextante, 2013. pag. 39.

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